"É MEEEU!"

A Gestão de Conflitos entre Crianças: Um Desafio e uma Oportunidade de Aprendizagem

4/15/20252 min read

Foi o relato de uma das profissionais da equipa que despoletou a necessidade de aprofundar o nosso conhecimento sobre este tema, explorando, por exemplo, materiais como os vídeos da organização HighScope, nomeadamente It’s Mine: Responding to Problems and Conflicts (2003)

Através destes recursos, compreendemos que a forma como nos aproximamos da situação pode fazer toda a diferença. Uma abordagem calma, com um tom de voz tranquilo e uma linguagem corporal serena, ajuda a desarmar a tensão. No entanto, percebemos que, por vezes, reagimos com demasiada pressa e energia, num tom de voz mais elevado, o que pode aumentar a agitação das crianças, ao invés de as apaziguar.

Num dos momentos relatados pela colega de equipa durante um serviço de babysitting, duas crianças (ambas com mais de dois anos de idade) estavam a disputar um brinquedo, puxando-o e gritando “é meu!”. Ela dirigiu-se rapidamente até elas e, sem se aperceber, a própria pressa e tom de voz mais elevado podem ter contribuído para a escalada da situação.

Como refere Post & Hohmann (2004), o educador deve ser um mediador neutro, reconhecendo os sentimentos das crianças e encorajando-as a encontrar uma solução juntas.

Respeitando esta fase do desenvolvimento infantil, é essencial que, numa situação onde há conflito, o educador interrompa de imediato e de forma assertiva os comportamentos das crianças envolvidas, mantendo a calma e colocando-se ao nível das mesmas. Deve reconhecer os sentimentos de ambas, deixando claro que aquele comportamento é inaceitável, estabelecendo limites claros. Além disso, é fundamental que as crianças compreendam que estamos ali como elementos neutros, que as apoiamos na reformulação do problema e na criação de soluções (Post & Hohmann, 2004). O nosso papel é encorajá-las a, progressivamente, resolverem os seus problemas sociais de forma autónoma, uma vez que “a vida em grupo implica confronto de opiniões e necessidade de resolver conflitos que suscitarão a necessidade de debate e de negociação, de modo a encontrar uma resolução mutuamente aceite pelos intervenientes” (Silva et al., 2016, p. 39).

"Mas... como é possível manter a calma quando temos duas crianças aos gritos?" - relata a profissional.

De facto, gerir conflitos é, sem dúvida, um desafio, mas também uma oportunidade valiosa de aprendizagem – tanto para as crianças como para nós, enquanto profissionais ligados à área de educação. Ao desenvolvermos uma postura mais reflexiva e consciente, através da prática, não só ajudamos as crianças a crescer emocionalmente, como também nos tornamos profissionais mais preparados para lidar com os desafios do quotidiano.

"Mesmo com uma abordagem preventiva, os conflitos continuam a acontecer."