"E Se não me deixarem Entrar?"

A Entrada na Creche e a Importância do Período de Vinculação

6/15/20252 min read

"A minha filha em breve irá para a creche e... se não me deixarem entrar? Se não me deixarem acompanhá-la principalmente nos primeiros tempos?" dizia-me a B.

O desabafo desta mãe, durante um serviço de babysitting, serviu de mote para o post de hoje, na esperança de que possamos todos, através das minhas palavras, refletir sobre a importância do processo de vinculação que acompanha a ida das crianças para novos contextos de vida


Naquele dia, a B. partilhou que de facto, era essa a realidade que conhecia, que não a iriam deixar entrar na creche com filha e muita gente à sua volta lhe dizia: "não te preocupes, não te vão deixar entrar mas é mesmo assim, faz-lhes bem!". E eu devolvo a questão, será mesmo assim? Esta prática promove o desenvolvimento saudável da criança e transmite confiança e segurança aos pais?

Durante a conversa que fui mantendo com a B., referi que há várias creches com práticas educativas de qualidade e, felizmente, a B. também estava consciente da importância da sua presença nos primeiros contatos neste novo contexto, tal como tinha acontecido quando iniciei o serviço de babysitting com esta família e como deverá suceder sempre.


Mas, porque é tão preponderante a presença da família nesta etapa inicial?

Tal como Elinor Goldshmied referiu, é muito importante para a criança poder observar que tanto a sua cuidadora como a profissional que a vai acolher mantêm uma relação de confiança e respeito mútuo. Ademais, a presença da figura cuidadora faz com que a criança compreenda que está segura, que pode, aos poucos, ir confiando nos novos profissionais que entraram na sua vida e explorar o mundo à sua volta.

Claro está que a criação e manutenção de relações de confiança ao longo do processo de vinculação, neste caminho onde se estabelecem ligações seguras, respeitosas, contínuas e consistentes, são fundamentais para que a criança fique confortável, tenha coragem e iniciativa para explorar e se desenvolver.

Por tudo isto, destaco que os pais devem acompanhar os filhos nas grandes mudanças como esta e estarem presentes até que a criança dê sinais claros de que se sente segura e confiante naquele contexto. Por outro lado, cabe também aos profissionais respeitarem o tempo de cada criança.

Mas e se existirem dificuldades durante este processo?

No próximo post, falarei sobre esses desafios e como podemos, juntos, apoiar famílias e crianças neste percurso de forma mais sensível e respeitadora.