Permissividade vs. Agência da Criança

Agência não é Permissividade: Refletindo sobre Limites e Respeito na Infância

5/15/20252 min read

Quando dizemos que a criança é agente do seu próprio desenvolvimento, queremos dizer que ela participa, de acordo com as suas capacidades, em todos os momentos da sua vida, que é protagonista neste processo. O que não significa que ela possa realizar tudo o que pretende, isto é, que sejamos permissivos, ou que se trate de “um génio e que podemos acelerar o seu desempenho académico. Ao invés do pretendido, esta atitude apenas servirá para destruir o seu potencial e retirar à criança o direito de viver a sua infância" (Santos, M. 2018, p.166).

Penso que há muita confusão em relação a estes dois modos de agir, nos dias de hoje... Quando abrimos espaço para que a criança explore o ambiente ao seu redor, não estamos a ser permissivos - quando estabelecemos limites claros previamente, como é óbvio! Estamos sim a abrir-lhe as portas do mundo.

Aproveito para partilhar convosco uma situação que ocorreu num contexto formal onde desempenhei funções enquanto educadora. Certo dia, foi necessário recorrer à utilização da cola quente, para terminar uma construção que a A. estava a produzir na área da 'Fábrica'. Consenti que esta criança utilizasse a cola, contando com a minha supervisão. Não houve derrame de cola, nem qualquer incidente, mas não acham que durante todo o processo me questionei "fui permissiva ao consentir que a A. utilizasse a cola? Coloquei em risco a segurança desta criança? Ou, por outro lado, será que potenciei o desenvolvimento de competências específicas e acreditei naquela criança?". Pois bem, posteriormente, a A. partilhou o processo de construção com o grande grupo, criando o mote para falarmos sobre os perigos e os limites da utilização desta ferramenta, salientando o seu comentário final: "eu hoje fui capaz de mexer e construir isto com aquela cola diferente".

Considero que a grande questão é a seguinte: as crianças precisam de limites claros, não podemos podemos tender para a permissividade, mas também necessitam de liberdade para explorar, para se sentirem efetivamente incluídas no seu quotidiano. E é neste equilíbrio que reside o grande segredo.

Para concluir, deixo várias questões: Queremos realmente que a criança seja agente do seu desenvolvimento, ou dá muito trabalho? Ou porque demora muito? Ou temos medo, e esta emoção é mais forte do que as nossas intenções de potenciar o seu desenvolvimento?

Mas esta questão do medo fica para outro post...